19.7.06

Da série: "Trocadilhos específicos demais"

Digamos que você esteja telefonando para uma mulher chamada Graça. Cai no número errado. Te dizem do outro lado: "Aqui não tem Graça nenhuma". Mui espertamente, você responde: "Mas que lugar chato esse aí, hein?"

Rá.

Rá.

Rá.

17.7.06

Jorge, o sacana

Sábado à tardinha. Engarrafamento, nervosismo, ânsia de chegar em casa. Já faziam três horas que estávamos presos no carro, e ainda havíamos saído mais de duas horas depois do que havia sido combinado. Então o telefone tocou. Era um número desconhecido.

Eu: Alô?
Voz: Jorge?
Eu: Desculpe, não é esse número.
Voz: É sim.
Eu: Não é não.
Voz: (tom de enfado) É, meu filho.
Eu: (já puto) Minha senhora, esse telefone é meu há bastante tempo. Não é do Jorge.
Voz: Tá bom, então vou tentar de novo.

Desligou. Desiguei. Que foi?, perguntou Fabi. Contei a história, rimos muito, então o telefone tocou de novo.

Eu: Alô?
Voz: Escuta, posso falar com o Jorge?

Putaquepariu, pensei.

Eu: Olha, o Jorge ainda não chegou.
Voz: Como assim? Esse número não é dele?
Eu: É sim, senhora, mas ele deixou o telefone dele comigo.
Voz: Por quê?

Pensa rápido, pensa rápido!

Eu: Ele não queria estragar... na piscina.
Voz: Piscina?
Eu: É, que tá tendo um churrasco aqui e ele tá lá na piscina.
Voz: Churrasco?
Eu: É, do pessoal do trabalho. (e aqui fui mais filho da puta do que poderia ser) Ele não contou pra senhora?
Voz: (feroz) Não. Deixa eu falar com ele.
Eu: Desculpe, minha senhora, mas ele disse que não queria receber ligações de ninguém.
Voz: Mas eu sou a MULHER dele, seu filho da puta! (rá, rá, rá) Passa essa porra de celular pra ele!
Eu: Não vou passar.
Voz: Deixa eu falar com ele.
Eu: Não posso. Além do mais, a senhora foi bem mal-educada.
Voz: Vá pra puta que pariu. Passa esse telefone pra ele.
Eu: Não vou. Até mais.

Aí ela começou a xingar e eu desliguei. Bloqueei o telefone pra não receber mais ligações daquele número. O engarrafamento continuava e, bem longe dali, o merecido barraco pela canalhice de Jorge se armava. Bem-feito, pensei, é o que acontece quando se tenta enganar a mulher.

14.7.06

Oral test, versão Herbert Richers

Graças ao Paladino, que me abriu os olhos quanto aos limites da humanidade no texto logo abaixo (como assim vocês não falam ingreis?) apresento aqui uma versão dublada, que provavelmente será mais bem apreciada:


Aí um aluninho perguntou pro outro:

Sua mãe é sapatão?

O outro pensou, pensou e respondeu:

Microônibus.

Então o professor ajudou: Sua mãe gosta de mulher? Ela curte um prazer sexual com mulheres? Ela é chegada num velcro?

Aluninho: Ah, tá.

Pensou, pensou e respondeu:

Samambaia.

13.7.06

Oral test

Aí um aluninho perguntou pro outro:

What do you like to do in your free time?

O outro pensou, pensou e respondeu:

Yes.

Então o professor ajudou: What activities do you like in your free time? When you're not studying, what is good to do? What activities?

Aluninho: Ah, tá.

Pensou, pensou e respondeu:

Ten.

12.7.06

Diabetes

60 years may be long enoughLucifer Sam, siam cat
Always sitting by your side
Always by your side.
That cat's something I can't explain.
Ginger, ginger, Jennifer Gentle you're a witch.
You're the left side
He's the right side.
Oh, no!
That cat's something I can't explain.
Lucifer go to sea.
Be a hip cat, be a ship's cat.
Somewhere, anywhere.
That cat's something I can't explain.
At night prowling sifting sand.
Hiding around on the ground.
He'll be found when you're around.
That cat's something I can't explain.

(essa é, pra mim, a melhor música do único disco decente do Pink Floyd, The Piper at the Gates of Dawn. so long, mr. barrett.)

7.7.06

Quarta-feira de cinzas

O Pierrô encontrou a Colombina. Ambos se abraçaram sob a luz capenga de um poste quebrado. Então apareceu o Arlequim. Sua fantasia estava rasgada, sua maquiagem borrada, o sangue pingava-lhe da gengiva cortada. Puxou a navalha, o Pierrô se viu indefeso. A Colombina pôs-se no meio entre os dois.

A Jardineira, triste porque a Camélia quebrara um galho, dera dois suspiros e depois morrera, resolveu jogar-se da janela. Mal viu em seu vôo espiral que rumava em aceleração constante para o embate carnavalesco que se armava na calçada. Pierrô e Arlequim, a uma boa distância um do outro, viram a Jardineira. Mas a Colombina, ansiosa que estava para impedir o confronto, não se deu conta da aproximação da suicida.

A Jardineira caiu exatamente sobre a cabeça da Colombina, fulminando-a na hora. Subiu a poeira dos vasos e, quando ela abaixou, Pierrô e Arlequim depararam-se um com os olhos do outro. Ambos sacudiram a poeira das roupas e deram a volta por cima dos foliões caídos após três dias de comemoração. Já amanhecia a quarta-feira, os sinos tocavam nas igrejas. O Pierrô pensava apenas na Colombina. O Arlequim, com a navalha na mão, perguntava-se se um dia haveria outro Carnaval.

3.7.06

Dèja vu

A expressão que dá título a este texto é francesa. Nada mais adequado, já que se vai falar sobre mais uma derrota para a França na Copa do Mundo, o único evento esportivo que chama minha atenção. E seu significado, pra quem não sabe, é algo tipo "eu já vi essa merda antes".

Lá pela segunda metade do primeiro tempo do horroroso jogo de sábado passado, a única imagem que me vinha à cabeça era o não menos horroroso jogo disputado na final da Copa de 98, quando levamos um sacode de 3 a 0 dos bleus, como não poderia deixar de ser. Não sei como o placar não se repetiu, já que nossos jogadores estavam atarantados em campo, perdidos, inócuos, reféns do futebol francês. Do futebol francês!

E eram as seqüências de passes errados, os jogadores embolados no meio campo, não conseguindo correr mais que alguns passos. Eram as laterais do campo livres, vazias, excelentes para que os franceses se lançassem ao ataque. Praticamente todas as jogadas de perigo vinham das laterais. Especialmente da nossa direita, onde deveria estar o Cafu.

Aliás, por que ninguém perguntou ao Parreira a razão de teimar com o Cafu? Por que nenhum dos nossos repórteres se lembrou, entre um jabá e outro, de perguntar a razão da cisma com Cafu/Roberto Carlos/Adriano se, no jogo contra o Japão, Cicinho, Robinho e Gilberto fizeram um trabalho muito melhor?

Mas agora já foi. Parreira vai continuar o dono da verdade, nossos repórteres agora vão falar o que todo mundo já sabia, os comentaristas muito incisivamente vão insinuar que Parreira é um imbecil, etc. Até a próxima Copa, e tomara que não joguemos contra a França.