8.8.06

Que beleza

Recém ouvido no falante de um anúncio de alguma MEGA FESTA:

"...forrozão com fulano de tal e sicraninho! Não perca! As 50 primeiras damas liberadas!"

Maravilha, pensei. Achava que teria que pagar por elas.

7.8.06

Reverberação

Estava numa daquelas sensações em que o peito explode de nervoso e dá para se ouvir o coração batendo como se fosse a polícia pondo abaixo a porta da sua sala para o achaque da semana. Suava um suor pastoso e sombrio, suor salgado e pesado, suor melado de medos passados. Tremia de medo, um medo primal primata primitivo, sozinho no escuro escondido com a faca na mão. A arma improvisada não sabia se lhe seria algo útil, mas atrás da cama, com poucas horas à frente e os malditos passos em redor, não havia muito o que pensar.

Súbito, um rangido.

Ficou sem saber de onde vinha o som, era uma estereodemência que o cercava e o sufocava num calor de sauna, umidade quente que subia pelas narinas e descia pela garganta queimando o ar que inflamava mas não podia deixar de respirar. Inspirava fogo, expirava medo, e o maldito suor pastoso pingava e empapava sua testa sua roupa sua alma. Os cabelos teimavam em cobrir-lhe a testa; tirava-os, obstinado, para enxergar o quê?, à espera, sempre à espera, dos passos que haviam se tornado vozes que haviam de tornar-se gritos que haviam de tornar-se pó. Sorriu nervoso, um esgar rancoroso que projetou-se luminoso em sua própria escuridão.

Então, o ar novo. Aberta a porta certa, a porta do quarto onde por quatro horas se escondia, o sorriso nervoso tornou-se rosto furioso e com a faca na mão fechada apertou os olhos.

-- E este é o quarto principal. Tenho certeza que vocês vão adorar. É o

Um grito de pânico irrompeu no quarto silente antes que a frase pudesse acabar. Um salto silente irrompeu no quarto em pânico antes que o corpo pudesse cair. Facadas ligeiras, certeiras, inteiras, três corpos sem vida no chão empapado de sangue e suor, ecos de gritos de morte pelas paredes, reverberação. Pilhou carteiras, cartões e o que mais pôde, saiu depressa sem ter para onde, largando para trás o que já chamara lar. Filhos da puta, trio de filhos da puta, querendo comprar a casa abandonada que tanto lhe agradara ocupar.

3.8.06

Tem gente que pensa que sou (mais) otário

Recentemente, descobri que uma das minhas alunas trabalha como jornalista concursada na prefeitura da magnífica cidade onde atualmente moro.

E daí?, perguntareis vós.

E daí que fiz um concurso pra essa mesma instituição quase dois anos atrás. Passei em primeiro, só havia uma vaga e a vagabunda que ocupa meu lugar tirou, na mesma prova, a centésima quadragésima segunda posição. É coisa pra caralho. E está sendo um parto conseguir ser convocado.

Mas o que esta vadia tem a ver com sua aluna?, inquirireis vós.

O caso é que esta nova piranha teve a audácia de espalhar pelo curso que passou em terceiro lugar e que tem vaga garantida, etc. Mas ela deve ter se esquecido de que os resultados foram publicados e que o nome dela está na décima quinta posição. E ela ainda teve a pachorra de repetir essa história mentirosa na minha cara, quando descobriu que eu havia sido o primeiro colocado. O ambiente criminoso em que ela trabalha deve estimular tanta canalhice.

Ela é minha aluna, e não é das melhores. Devo ferrá-la ao fim do livro?, pergunto-vos eu.