24.3.07

optigan 1

Uma profunda sensação de paz. Lágrimas me vêm aos olhos, enquanto mergulho em pensamentos felizes sobre as belezas do mundo. Aquela velha conhecida sensação de um bolo preso na garganta, o bolo que sobre junto com as lágrimas quentes quando se olha para uma obra acabada, um projeto que tanto esforço demandou, enfim concluído.

Havia lágrimas de outono. Muitas lágrimas que corriam dos olhos verdes como o céu da primavera anterior, em que a roufenha velha, enlouquecida, se deitara em seu jardim. O velho senhor, calvo, com grandes olhos tristes, via sua vida esvair-se como as folhas secas de seu gramado. Onde estavam as tulipas que plantara no ano anterior? Ninguém se importava com tulipas. Sua vida se escoava, como num turbilhão, como num tanque cheio cuja rolha fora retirada.

Ouviu os sinos da sua morte anunciarem a chegada do outono. Não podia mais resistir ao chamado do outono, as folhas secas caindo em seu gramado, o céu lúgubre cor de cobre lhe prometia as mais variadas delícias. Não podia mais se conter, e as lágrimas foram as primeiras a preceder a torrencial chuva que caiu desde então.

O velho, cachimbo, a chuva caindo leve na janela. Crianças jogando bola, a bola suja de lama. Mas eles não se preocupam. Não estão preocupados, a chuva cai fina sobre eles e eles sorriem. Cachorros azuis correm pelo gramado. O orgulho profundo, a paz profunda. E todos são felizes, indo dormir assim que a lua estrelada sobe ao céu.

2 comentários:

Anônimo disse...

ora, vá catar coquinhos.

Anônimo disse...

Respeite o trabalho de alguém parça